Efeitos do petróleo sobre a associação de macroinvertebrados bentônicos de praias arenosas do extremo sul do Brasil

Autor: Michel Steinmetz Gandra (Currículo Lattes)

Resumo

As associações de macroinvertebrados bentônicos de praias arenosas possuem uma grande complexidade ecológica, sendo o principal elo trófico entre o estoque composto pelo fitoplâncton e material detrítico, e os consumidores de níveis superiores. Qualquer distúrbio antrópico, como um derrame de petróleo, sobre estas associações pode desencadear alterações em todos os seus níveis tróficos. A sua natureza sedentária, seus longos ciclos de vida, tornam os organismos bênticos apropriados para trabalhos de avaliação de impactos e monitoramento de regiões costeiras. Devido a isso, o presente estudo tem como objetivo avaliar os efeitos do óleo sobre os macroinvertebrados bentônicos através da simulação de derrames de óleo na região costeira de duas praias arenosas do extremo sul do Rio Grande do Sul. Além das simulações de campo, também foram desenvolvidos, em laboratório, experimentos com aquários que analisaram a resposta da macrofauna quando expostas ao óleo, sendo escolhidas aquelas mais representativas nos experimentos de campo, no caso o bivalvo suspensívoro Mesodesma mactroides, o poliqueta comedor de depósito Euzonus furciferus e o isópode necrófago Excirolana armata. Os resultados do experimento de campo não mostraram efeitos estatisticamente significativos do óleo sobre a macrofauna bentônica. No entanto, houve uma evidência de maior mortalidade do molusco Mesodesma mactroides nos tratamentos com óleo, sendo confirmada essa sensibilidade em laboratório, em que a espécie atingiu mortalidade total em 7 dias nos aquários contendo óleo. As outras duas espécies analisadas em laboratório (Euzonus furciferus e Excirolana armata) não mostraram resposta negativa ao óleo. Sugere-se que os efeitos de um derrame de óleo, sobre as espécies estudadas, possam estar relacionadas as suas 8 distintas guildas. É importante ressaltar que poucas generalizações são válidas quando se trata dos efeitos ecológicos de um derrame de petróleo. A recuperação da comunidade macrobentônica depois de um derrame não só depende da persistência do óleo, mas também na confiança dos padrões de recrutamento das espécies afetadas, da história de vida, de sua tolerância aos compostos tóxicos no sedimento, além das condições ambientais do local.

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